Por Jefferson Rocha
O
carinha da rua de cima que cismou cantar as canções de Renato Russo com alguns
parceiros. Ganhou respeito, admiração dos fãs da Legião Urbana e, mesmo com um
trabalho cover, imprime como poucos sua essência na obra de um dos maiores
poetas do rock brasileiro.
Charles entra no palco e canta Renato de uma forma própria. |
“Ei Charles!!! Por favor,
posso tirar uma foto com você??!? Sou sua fã!!” disse a garota com os olhos brilhando, logo após o
show da L’age D’or no festival gastronômico Rota dos Sabores em Coronel
Fabriciano, no último dia 12 de setembro. Estranho perceber que a garota o
chamou pelo nome e disse que era fã dele, e não do Renato Russo. Com uma
simplicidade ímpar, atendeu a fã e nos conduziu ao backstage, onde
conversaríamos durante algumas horas, ainda refletindo a adrenalina pós show.
Charles Nogueira Silva
adotou o codinome Charles D’or em alusão à sua banda, L’age D’or, que é o nome
de uma canção do álbum V, do Legião Urbana. Começou sua carreira com músicas
próprias mas, devido à dificuldade em mostrar o trabalho autoral, passou a
cantar canções de sua banda preferida: a Legião Urbana. “A banda começou como autoral, mas no Brasil,
talento não é suficiente para o sucesso. Depois de um tempo, veio a ideia de
montar a banda cover, já que todo mundo dizia que minha voz lembrava muito a do
Renato e no mais, é minha banda preferida, juntei o útil ao agradável”, destaca
com ar saudosista.
Charles é um homem simples. Trabalha
na indústria metalúrgica e é apaixonado por futebol e pelo Cruzeiro, vai ao
Mineirão, se reúne com amigos para ver jogos e paparica seu filho Gabriel, de
13 anos, que passou a ensaiar com ele nas horas vagas. Longe dos palcos, vive
uma vida tranquila ao lado do filho e da esposa, Kênia.
Na música se mostra, além de
um intérprete de primeira, um grande poeta. Tem várias composições e algumas
até gravadas. Um exemplo é o hit Ana Marta, que foi tocada à exaustão na década
de noventa na antiga Galáxia FM, de Cel. Fabriciano.
Mas é nas apresentações de
sua banda, que ele mantém viva a paixão pelo ídolo. “Levar as canções da Legião
e as letras do Renato até o coração das pessoas é incrível. Depois dos shows,
sempre tem os feedbacks, como a mãe levar a filha de 10 anos no camarim pra
agradecer o show e dizer que a filha nunca viu a Legião. Mas, eu sempre gosto
de frisar: sou apenas um espelho refletindo o brilho da Legião Urbana. Esse é o
meu trabalho”.
Durante a conversa, os
gestos compõem uma sinfonia de opiniões emoldurada pela camisa cheia de flores
azuis e o reflexo das luzes em seus óculos, ao melhor estilo Renato Russo.
O Charles se emociona todas
as vezes que cita seu ofício na arte: “Legião faz parte da minha vida. Não só
no trabalho, eu vivo Legião Urbana de todas as formas. E, talvez por isso o
trabalho seja tão prazeroso e bem feito”. Considerada uma das melhores bandas
covers da Legião em Minas, A L’age D’or, capitaneada por ele, já consegue ler e
reler a obra de Renato imprimindo suas próprias interações. “Aqui no Vale do
Aço, já me reconhecem como artista, e não só como um rascunho. Sinto que as
pessoas vão ouvir Legião, mas percebem a minha essência por trás de cada
canção, e esse reconhecimento é gratificante”.
Divulgação
Divulgação
A noite memorável.
Quando ídolo e fã se juntaram para cantar canções de um outro ídolo.
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A cereja do bolo aconteceu
no ano passado, quando Charles dividiu o palco com o guitarrista do Legião,
Dado Villa Lobos, em uma casa noturna da região, cantando duas canções e
realizando um sonho. “Cantar com o Dado foi estourar a champanhe, tipo: tudo
está consumado”.
Pelo andar da carruagem não
tem nada consumado. A agenda não para de crescer e a L’age D’or está longe de
parar sua caminhada.
Como diria o velho trovador
solitário, Renato Russo:
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